Em discurso na Assembleia Legislativa da Bahia, o deputado estadual Targino Machado voltou a criticar a falta de produtividade da Casa. De acordo com o parlamentar, não há nenhuma motivação para os deputados produzirem suas falas, já que as cadeiras do plenário estão sempre vazias. “Qual é a motivação para os deputados virem para a Casa, produzirem algum discurso, para oferecerem esse discurso às cadeiras vazias? O caso é sério. Apesar de dar para sorrir, mas é preciso chorar. Chorar, porque nós estamos em nome da garantia institucional, em nome da democracia, sangrando em mais de 500 milhões de reais: a segurança pública, a saúde pública, a educação das nossas criancinhas, enfim, todos os serviços públicos que padecem de recursos que estão vindo para cá. Os recursos estão vindo para a Casa no pressuposto de que os deputados tem as suas prerrogativas, mas o conjunto da ópera está abrindo mão dessas prerrogativas”, disse. Para Targino, os deputados de governo na Bahia não estão preocupados com os anseios da sociedade, mas, sim, com os interesses do próprio governo. “O governador, seja ele a desgraça que for, manda mais na Casa do que os senhores deputados. Vejo deputados criticando a reforma da Previdência, porque não será discutida amplamente nem com a sociedade, nem com o conjunto dos deputados. E o que nós fazemos aqui? Os deputados do governo fazem qualquer coisa para servir ao governo, passando cheque em branco para o mesmo. E aí? Não é igual o procedimento? O que muda de Brasília para cá? Mudam as oportunidades e conveniências. É preciso ter responsabilidade com esta Casa e com o povo que nos colocou aqui. Precisamos tomar um chá de vergonha na cara e vir trabalhar. Sonho em ver esta Casa funcionando bem”. Ainda segundo o deputado, há um consenso sobre a atual crise política brasileira, já que o meio está sem ética, sem moral e sem respeito. “O Brasil está mudando e quem não perceber isso, quem não for capaz de auscultar esse sentimento nas ruas, vai perder a sua representação popular. Não é possível ninguém sentar em qualquer mesa, do botequim, a uma reunião profissional, que a crise política não ecloda dessas conversas. E uma coisa é certa: em toda conversa política, existem o dissenso e os consenso. Mas quando se trata da crise política, não existe dissenso. Embora toda unanimidade seja burra, o que percebo é que existe uma ideia cristalizada no coração e na alma de todos os baianos e brasileiros: chegamos ao fim do poço. A política está se comportando sem ética, sem moral, sem respeito e contaminada pelo malfeito”.