As festas de junho já acabaram, mas para muita gente as lembranças não serão nada boas. As comemorações de Santo Antônio, São Pedro e São João aumentam três vezes o número de acidentes com fogos de artifício, segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Foram quase 300 casos de pessoas queimadas ou com sequelas graves apenas na Bahia nos últimos quatro anos. Para tentar diminuir o número de ocorrências, diversos projetos de lei em tramitação na Câmara dos Deputados aumentam a fiscalização ou restringem a venda de fogos. Um deles (PL 5625/13), do deputado Sérgio Brito (PSD-BA), prevê pena de seis meses a dois anos de reclusão para quem soltar fogos em vias públicas sem autorização. O parlamentar ressalta que é preciso fiscalização da polícia e das prefeituras para diminuir o risco para a população. O próprio Sérgio Brito conta que quase foi atingido por um morteiro quando visitava, com a família, a cidade de Cruz das Almas (BA), durante a tradicional festa de guerra de espadas, uma espécie de batalha com fogos de artifício. "Passou por cima de mim, com uma violência muito forte. Se pega na minha cabeça, eu provavelmente não estaria aqui hoje para contar isso", lembra. Apesar de a venda de fogos ser proibida a menores de 18 anos, 1/4 das vítimas está dentro dessa faixa etária. O médico Afonso Henriques, da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, concorda que é preciso mais fiscalização. "As estatísticas têm mostrado que, se você não pune, não resolve o problema. Então, tem de ter fiscalização rigorosa e sanções”, destaca o especialista. Outros projetos em tramitação na Câmara proíbem a venda de fogos a pessoas físicas (PL 3217/12) ou criam regras especiais para o uso deles por torcidas em jogos esportivos (PL 1684/15). As propostas que dificultam a compra de fogos precisam ser examinadas ainda por duas comissões da Casa: a de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado; e a de Constituição e Justiça e de Cidadania.