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10.5.2019 | 11h 45m
De volta aos primórdios: A falácia dos cortes orçamentários, o Bolsonarismo e sua proposta de deseducação


POR LUCAS RIBEIRO - ESTUDANTE DE HISTÓRIA - UEFS 
 
 
Pensar em educação no Brasil se trata de um processo que ao mesmo tempo é fácil e extremamente complexo, pois assim como qualquer estrutura, é formada através de um processo histórico-social. Desse modo a educação superior brasileira surge de uma formação altamente elitista e ao longo desse processo inverte ou pelo menos tenta inverter essa formação, dando espaço a população de baixa renda e excluída da educação e que também constituía um grupo antes pertencente ao analfabetismo. A partir do momento que essa situação é invertida ou reparada há diretamente um confronto a sociedade “elitista” e uma reviravolta nessa estrutura de pensamento, pois o elitismo abrange muito mais uma esfera ideológica do que econômica, desse modo o ataque ideológico ao ensino superior toma forma devido a esse processo “elitista” de fazer e pensar educação no superior no Brasil.
 
As primeiras faculdades e universidades brasileiras surgem ainda dentro desse viés “burguês” provinciano criadas com o intuito de comportar os alunos que eram formados nos maiores centros educacionais do país. No período de 1920 a 1963 são criadas 20 universidades federais no Brasil, até então pouco criticadas e nem atacadas até o surgimento das políticas afirmativas e reparatórias, que surgem com intuito de refazer a composição estudantil até então formada por maioria esmagadora pertencente a classe média alta e branca. Desde então, após a aplicação dos sistemas de cotas no ano de 2000 as universidades aos poucos foram aderindo a esse sistema e possibilitando cada vez mais a ingressão de negros e alunos de escola pública, antes afastados desse ambiente. Antes de atacar esse sistema, é necessário compreender a formação histórica do país, uma colônia e império estruturado em 300 anos de escravidão e sustentado sempre pela “elite” branca privilegiada nunca iria de uma hora para outra anular tal barbárie e formar um estado progressista, igualitário e justo, portanto a esfera educacional brasileira é totalmente um reflexo da sociedade quinhentista que ainda impera na mentalidade das pessoas. No entanto, se a mentalidade permanece com esses padrões obviamente as ações também seguiram esse viés, e ai é que surge esse processo reparatório proposto pelas politicas afirmativas, pois se há instituições públicas destinadas ao povo ela deve sim ser ocupada por todos, mesmo que haja um favorecimento maior para o lado daqueles aparados pelos privilégios.
 
Ao analisarmos esse período de reformulação das universidades públicas percebemos que houve uma mudança drástica na estrutura social brasileira, num aspecto bastante positivo pois tanto a curto prazo quanto longo possibilita uma entrada maior de pessoas antes excluídas desse meio e que a partir desse ingresso o campo social acadêmico se torna múltiplo e variado. A maior variedade de grupos historicamente marginalizados, dentro do ambiente acadêmico possibilita que a interação social, produção de trabalhos e pesquisa ganhem outra forma, uma nova visão de complexidade de acordo com a experiencia de cada um dentro do seu campo social. O campo acadêmico passa a destinar sua produção para a sociedade em si e para aquela antes não vista e nem conhecida, já que antes esse conhecimento produzido acabava sendo limitado a uma classe específica da sociedade e a uma visão linear e mais centralizadas em objetivos comuns.
 
Portanto esse processo aqui citado se torna um grande fator de crítica e de ataque por parte daqueles que estão fora do campo acadêmico e que cultuam a visão de que as universidades públicas devem seguir um padrão já imposto pela “sociedade” do atraso. Trazendo essa questão para os dias que estamos vivendo, esse ataque ideológico movido a partir da visão conservadora quinhentista passa a ser feito pela principal estrutura de administração do estado, ou seja, o governo, que na verdade não assusta ninguém pois isso é apenas um reflexo do que 57,7 milhões de brasileiros pensam ou concordam com essa visão reproduzida pelo governo. Após o anuncio de que 30% das verbas de cada universidade do país iria ser cortada por algum motivo sem pé nem cabeça, nos confirma o desinteresse do governo e de boa parte da população apoiadora do mesmo de que a educação superior pouco importa para o governo, já que mostra posição diferente diante das ideologias políticas e sociais impostas pelo mesmo.
 
Talvez se pensarmos um pouco mais, a balbúrdia citada pelo “Bolsonarismo” dominante se trata muito mais de uma falácia e de um ataque a liberdade estudantil brasileira do que uma veracidade em si. O ataque ideológico provocado pelos insatisfeitos e defendido por esse “Bolsonarismo”, sempre existiu porem calado ao ser beneficiado pelos governos elitistas em detrimento dos menos favorecidos, pois é possível dizer que sempre houve uma tríade por trás de qualquer governo, sendo composta por: presidência, ideologia e elite, desse modo uma funciona em benefício da outra, portanto a partir do momento que houve uma desconexão dessa tríade começa uma indignação geral que inclusive passa a ser reproduzida pela classe menos favorecida “tapeada” pela tríade.  Tal posicionamento comporta um grau de desvio muito maior do que estamos pensando, pois a partir do momento que instituições federais  de ensino superior  do Brasil já em decadência deixam de receber  de 30% a 40% do seu orçamento, se tornam uma ameaça em grandes proporções a todas as esferas que comportam a sociedade, e ainda pior pois o presidente a cargo desse papel passa a adquirir um função totalmente distante do que deveria ocupar. 
 
O que mais nos assusta nessa situação é saber é que a preocupação do governo é algo extremamente banal e não comporta nenhum tipo de defesa a educação, é importante lembrar que as universidades não giram apenas em cima de supostas ideologias, muito mais que isso, as universidades fazem o mundo e boa parte de tudo que é produzido vem dela, porém incomoda ao empresário ver que o filho da empregada estar lá e o dele nem se quer passou no vestibular. No entanto o governo fez o que a elite queria, o que a ideologia elitista pediu e se boa parte deles querem esse desfasamento das universidades é porque nem lá pisaram e muito menos querem que todos pisem.
 
 
rafael@blogdovelame.com
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